É importante ler para bebês desde a gestação?
Sim! Bebês são extremamente inteligentes e totalmente dependentes dos adultos. Por isso, necessitam de ajuda para que possam – pouco a pouco – apropriar-se da realidade que os cerca, sentindo-se seguros e amados.
A voz humana, principalmente a voz dos responsáveis pelos cuidados com a criança é um dos primeiros vínculos de afeto do bebê. Ela acalma, conecta e apresenta o mundo. E quando essa voz vem acompanhada de histórias – ela confere ritmo e ajuda na construção de um espaço seguro de comunicação entre o adulto e a criança.
Por isso dizemos que quando dispomos de um tempo de presença para estarmos próximos de uma criança e lhe oferecemos uma experiência de leitura, estamos lhe favorecendo um encontro especial com a linguagem. Essa carga afetiva presente na voz humana nas conversações com os bebês é repleta de significado. Mesmo que a criança não seja capaz ainda de entender o que o adulto lhe diz, ela escuta a música da língua e, desde cedo, compreende a forma, a entonação e o sentimento expresso nessa voz que canta e conta. E essa amorosidade presente no ato de entrega e interação com os pequenos é fundamental para o desenvolvimento psíquico de toda a família.
Como manter o bebê sentado ouvindo minha leitura?
Seu bebê nunca fica parado quando você lê para ele? Será que tem algo de errado nisso?
Quando falamos de leitura é comum imaginarmos uma situação calma e tranquila, com um adulto lendo para uma ou mais crianças completamente atentas à sua voz e, de preferência, sentadas silenciosamente.
Esse comportamento, muitas vezes desejado por familiares e educadores de primeira infância, é quase impossível de ser percebido, especialmente, com os bebês.
Bebês aprendem pelo movimento e pela interação com outros bebês e com adultos. Desde que nascem, possuem capacidade perceptiva para compreender e aprender a linguagem, mesmo sem entender uma palavra do que lhe dizemos. E, especialmente, em seus primeiros anos de vida, estão totalmente envolvidos em perceber o mundo à sua volta, por meio de seus sentidos e do movimento.
Por isso, nas situações de ler para bebês, não espere que eles fiquem parados. E, de preferência, esteja à vontade e totalmente envolvida com o livro e com o momento que deseja compartilhar. Se o adulto estiver inteiro e presente, a criança sentirá essa conexão e, imediatamente, estará próxima de você, tornando os momentos de leitura uma ótima oportunidade para troca de afetos tão preciosos na primeira infância.
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Os livros mais indicados para bebês são aqueles cartonados – feitos com material resistente – ou que possuem recursos sensoriais, como sons e texturas?
Não necessariamente.
Para os bebês, o mundo é um grande espaço sensorial a ser explorado. Tudo lhes interessa: os sons, as texturas, as cores, as formas, as proporções, os cheiros, os gostos. Por isso, tendem a utilizar os sentidos para compreender a realidade que os cerca, observando-a atentamente, levando objetos à boca, sentido-os através do tato etc.
Os chamados elementos sensoriais só devem fazer parte de um livro se estiverem à serviço da construção de sentido da obra. É preciso se perguntar: a história seria a mesma sem esse recurso.? Se a resposta for afirmativa, desconfie. Muitas vezes, esses elementos não passam de recursos fúteis que divertem e entretém – por um tempo – mas, pouco contribuem para a formação de leitores.
Várias dessas obras cheias de aparatos para entretenimento não possuem narrativas de qualidade e possuem pouca preocupação estética ou literária. São apenas objetos com o formato de livros e atendem à uma demanda de um mercado em constante crescimento: o dos produtos para bebês.
Além disso, para essa exploração sensorial não é necessária a criação de objetos específicos. Seu próprio corpo, o corpo de seus pais, sua casa, os objetos de seu entorno, uma praça ou mesmo um parque – por exemplo – contém centenas de possibilidades de experimentação dos sentidos.
Os livros em que aparece aparece uma imagem e o nome dela ou mesmo aqueles que contém listas de coisas ajudam no desenvolvimento da linguagem dos bebês?
Livros que apresentam palavras isoladas associadas a imagens que procuram reproduzir literalmente o que está escrito partem da ideia de que o aprendizado de uma língua se dá pelo acesso a palavras fora de seu contexto de circulação. E isso não é verdade.
É muito mais natural e significativo que um bebê aprenda o que é uma bola, vendo e interagindo com ela e observando como outras pessoas se relacionam com esse brinquedo, do que vendo uma imagem representando esse objeto.
O que ajuda no desenvolvimento linguagem dos bebês é a construção de interações afetivas e sociais com outros bebês, crianças e com adultos, em situações reais de uso da língua. Ou seja: para que uma criança aprenda a se comunicar, desde cedo, é fundamental que ela tenha acesso a experiências significativas de contato com pessoas e com as palavras, seja por meio de canções e cantigas, seja por meio de histórias que lhe são contadas, de brincadeiras das quais participa e, principalmente, da conversação humana em momentos naturais de convívio.
Qual o tipo de livro mais indicado para os bebês?
O primeiro livro dos bebês é o corpo e a voz dos adultos que lhe dedicam afeto. Eles são, sem dúvida, a leitura mais indicada nos primeiros anos de vida.
Por isso, é fundamental estabelecer um contato físico constante e dar-lhes um banho de palavras, contando e cantando textos com os quais os familiares e educadores responsáveis pelos seus cuidados tenham, principalmente, uma relação afetiva: cantigas de ninar que lhe cantaram, jogos musicais que recitava durante a infância, a história do dia em que o bebê nasceu e os textos dos livros que desejam compartilhar.
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Dentre do universo literário, obras que contenham cantigas, canções, textos rimados, contos de repetição, histórias de acumulação e poemas são os mais recomendados para que os pequenos possam colocar em jogo a linguagem e exercitar o pensamento desde cedo.
Na verdade, um bom livro para infância é indicado para leitores de todas as idades. Se você encontrou uma obra que te encantou e tem vontade de compartilhar com suas crianças, vá em frente! Elas vão adorar o prazer que é viver uma experiência de leitura junto das pessoas que amamos. E prepare-se! Você vai ouvir muitas vezes “De novo! De novo!”
Fonte: Denise Guilherme para o ataba.com.br