Desde que o mundo é mundo, a curiosidade acerca do sexo do bebê é praticamente universal entre os futuros pais. Assim que o casal descobre que a mulher está grávida, a primeira pergunta que invariavelmente vem à cabeça é: será menino ou menina?
Neste artigo vamos falar das formas mais eficazes de detectar o sexo do feto, incluindo exames de ultrassom e exames de sangue. Falaremos também sobre os mitos e a existência ou não de evidências científicas por trás de crenças populares, tais como tabelas, calendários ou simpatias.
Quais são as formas mais utilizadas para determinar o sexo do bebê?
Ao contrário dos nossos avós, que precisavam esperar até o dia do nascimento para descobrir o sexo do bebê, graças aos avanços tecnológicos, nós já podemos identificar o gênero do feto tão precocemente quanto 8 semanas de gestação.
Existem várias formas para descobrir o sexo do bebê durante a gravidez, sendo a ultrassonografia e a sexagem fetal através do sangue da mãe as formas mais populares atualmente. Vamos falar resumidamente sobre alguns métodos de determinação do sexo fetal atualmente disponíveis.
a) Ultrassom para identificar o sexo do bebê
Nas últimas décadas, a ultrassonografia fetal tornou-se a forma mais comum de identificar o gênero do feto. O ultrassom é um exame ótimo, pois ele é simples, barato, indolor e sem riscos para mãe ou o feto. Na verdade, a determinação do sexo do bebê é apenas uma das dezenas de utilidades do ultrassom obstétrico. Em geral, ninguém faz o ultrassom somente para saber se é menino ou menina. A avaliação ultrassonográfica faz parte do pré-natal de rotina e a determinação do sexo do feto acaba sendo incluída junto com outras avaliações do estado de saúde da gestação.
A determinação do sexo é feita de forma bem simples: vendo se o bebê tem um pênis ou uma vulva entre as pernas. Dizendo assim pode parecer fácil, mas, apesar da diferenciação da genitália começar ao redor da 6ª semana de gravidez, antes de 14ª semana é muito difícil dizer através a imagem do ultrassom se o bebê tem um órgão sexual masculino ou feminino.
A posição do bebê dentro do útero é essencial para que o médico consiga ter imagens claras. O bebê já pode ter a genitália completamente formada, mas se a posição dele não for favorável, o médico pode não conseguir um ângulo adequado para avaliar a região pélvica. Quando o bebê é um menino, costuma ser mais fácil, e mesmo com 12 semanas já pode ser possível determinar o gênero do feto. Porém, quando o médico não consegue ver o pênis, isso pode significar uma menina ou simplesmente um ângulo inadequado para a visualização do órgão.
A partir da 18ª e a 20ª, a genitália costuma estar bem formada e a taxa de acerto do ultrassom é de mais de 90%. Porém, mesmo nesta idade gestacional é possível haver dúvidas, principalmente se o a posição do bebê não for a mais adequada. Quando é assim, a determinação do sexo acaba ficando para uma ultrassonografia posterior, com a gravidez já mais avançada.
Apesar da elevada taxa de acerto, o ultrassom pode dar errado, pois é um exame que depende da interpretação humana. O erro pode ser para os dois sexos, mas a maioria dos equívocos ocorrem com meninos que são erradamente identificados como meninas pela imagem do ultrassom.
b) Sexagem fetal
A sexagem fetal é um exame que tem ganhado grande popularidade nos últimos anos. Ele é feito através da coleta de sangue da mãe para pesquisa do DNA do feto. Já há algum tempo sabemos que amostras do DNA do feto conseguem atravessar a barreira placentária e alcançam a circulação sanguínea materna. Por isso, com uma simples amostra de sangue da mãe é possível identificar características do DNA do bebê.
A lógica por trás deste exame de sexagem fetal é bem simples. Em situações normais, os seres humanos possuem um par de cromossomos sexuais. As mulheres apresentam 2 cromossomos X e os homens, um cromossomo Y e um cromossomo X. A sexagem fetal procura especificamente pela presença do cromossomo Y no sangue da mãe. Como as mulheres são XX, ou seja, não possuem o cromossomo masculino Y no seu material genético, se o exame encontrar um cromossomo Y, ele só pode ter origem no feto.
Portanto, salvo situações excepcionais, se o exame de sexagem fetal encontrar cromossomo Y no sangue da grávida, isso significa que o bebê é um menino. Se não for identificada a presença de cromossomo Y no sangue, é porque o bebê é uma menina.
Conforme a gravidez avança, mais DNA fetal pode ser encontrado na circulação materna. Por isso, o teste só deve ser feito a partir da 8ª semana de gravidez. Antes da 8ª semana pode não haver ainda quantidades suficientes de DNA fetal no sangue materno para a identificação do cromossomo Y, levando falsamente ao resultado de sexo feminino.
Taxa de acerto da sexagem fetal de acordo com a idade gestacional:
Fase da gravidez | Sexo Feminino | Sexo Masculino |
Até 8ª semana | 74,0% | >99,0% |
8ª a 10ª semana | 99,0% | >99,0% |
A sexagem fetal é superior ao ultrassom, pois tem taxa de acerto mais alta e consegue definir o sexo do bebê mais precocemente. A sua única desvantagem é o preço. Um exame de sexagem fetal custa entre 300 e 500 reais.
c) Amniocentese
A amniocentese é um exame invasivo, que consiste na introdução de uma agulha na barriga da mãe até dentro do útero para a coleta de um pequeno volume de líquido amniótico. Esse líquido coletado é rico em material genético do feto e pode ser usado para identificação do sexo do bebê. Sua taxa de acerto é de 100%.
A amniocentese é um procedimento usado para investigação ou rastreio de doenças genéticas do feto. Ele tem suas indicações e nunca é feito exclusivamente para identificação do sexo, uma vez que, para isso, existem exames mais simples e com menos riscos.
Métodos caseiros de identificação do sexo do bebê
É curioso que, apesar de todos os avanços tecnológicos das últimas décadas, muitas pessoas ainda recorram a testes caseiros e crenças do tempo das suas bisavós para adivinhar o sexo do bebê. Na verdade, como só existem 2 opções de sexo, masculino ou feminino, qualquer teste, por mais esdrúxulo que seja, terá sempre uma taxa de acerto ao redor de 50%. Isso significa que, estatisticamente, a cada 2 grávidas, qualquer teste acertá o sexo do bebê em pelo menos 1.
Também é importante destacar o fato de que, dependendo da cultura e da região, um mesmo teste pode ter significados diferentes. Por exemplo, uma barriga alta pode significar menino segundo a crença popular em um determinado país, e menina em outro. O divertido é que em ambos, a taxa de acerto será de 50%.
Vamos fazer uma rápida revisão crítica sobre algumas crenças populares para identificação do gênero do bebê.
1- Formato da barriga da mãe pode identificar o sexo do bebê → MITO
É impossível descobrir o sexo do bebê apenas pelo formato da barriga da grávida. O formato e o tamanho da barriga da mãe não têm relação alguma com o sexo do bebê, mas sim com tônus muscular do abdômen, o biotipo da mãe, o tamanho e peso do bebê, a posição do feto, idade gestacional e a quantidade de peso que a mãe ganhou durante a gravidez.
2- A frequência cardíaca dos feto é diferente entre meninos e meninas → MITO
Diversos estudos tentaram estabelecer uma relação entre a frequência cardíaca do feto e o seu sexo, mas a imensa maioria demonstrou não haver nenhuma ligação. Um estudo de 1999, porém, sugeriu que nos dias que antecedem ao parto, e apenas neste momento, os batimentos cardíacos das meninas são mais acelerados que dos meninos. Não existem outros estudos que comprovem essa relação. E mesmo que existissem, um método que só é capaz de definir o sexo do bebê poucos dias do parto é pouco útil.
3- O tipo de movimento de uma aliança suspensa por fio acima da barriga da mãe pode identificar o sexo do bebê → MITO
Essa teoria é tão desprovida de base científica que nunca ninguém se dispôs a fazer um estudo sobre ela. É óbvio que o movimento da aliança depende de quem a está segurando, e não da barriga da mãe que não tem contato nenhum com o objeto.
Em tempo: parece óbvio, mas não custa dizer, bebês não são seres dotados de magnetismo para poderem, à distância, interferir no movimento de objetos metálicos.
4- Tabela chinesa baseada na idade lunar detecta sexo do bebê com 99% de acurácia → MITO
Diz a lenda que uma tabela chinesa de mais de 700 anos encontrada enterrada na tumba de um imperador consegue prever, a partir da idade lunar da mãe e do mês da concepção, o sexo do bebê com 99% de segurança.
Não era preciso estudo científico para imaginar que a tabela não funciona. Porém, esse estudo existe, o que nos fornece comprovação científica de que a tabela não tem 99% de eficácia. Um estudo sueco avaliou a gravidez de 2.8 milhões de mulheres entre os anos de 1973 e 2006 e chegou ao seguinte resultado: a tabela chinesa possui uma taxa de acerto próxima de 50%.
5- O método de Ramzi, que utiliza a posição da placenta no útero, tem uma taxa de acerto de 97% → MITO
O método de Ramzi foi supostamente criado pelo Dr. Saam Ramzi Ismail e publicado em 2011 sob forma de estudo científico em um website sobre Obstetrícia.
O estudo que descreve o método afirma que se na ultrassonografia fetal a placenta estiver implantada à direita do útero, o bebê é menino; caso a placenta esteja implantada à esquerda do útero, o bebê é menina.
O tal estudo, porém, apresenta diversas falhas e nem sequer identifica os seus autores nem onde ele foi feito. O site que o publicou também não é uma fonte confiável para estudos clínicos.
Além disso, não existe nenhum outro estudo científico que corrobore com esses achados. Pelo contrário, os poucos que existem chegaram à conclusão que não há relação entre a posição da placenta e o sexo do bebê.